Por Cisio Janus L.Costa
“... a cela é um lugar ideal para aprendermos a nos conhecer, para se vasculhar realística e regularmente os processos da mente e dos sentimentos. Ao avaliarmos nosso progresso como indivíduos, tendemos a nos concentrar em fatores externos, como posição social, influência e popularidade, riqueza e nível de instrução. Certamente são dados importantes para se medir o sucesso nas questões materiais, e é perfeitamente compreensível que tantas pessoas se esforcem tanto para obter todos eles. Mas os fatores internos são ainda mais decisivos no julgamento do nosso desenvolvimento como seres humanos. Honestidade, sinceridade, simplicidade, humildade, generosidade pura, ausência de vaidade, disposição para ajudar os outros – qualidades facilmente alcançáveis por todo individuo – são os fundamentos da vida espiritual. O desenvolvimento de questões dessa natureza é inconcebível sem uma séria introspecção, sem o conhecimento de nós mesmos, de nossas fraquezas e nossos erros. Pelo menos – ainda que seja a única vantagem – a cela de uma prisão nos dá a oportunidade de examinarmos diariamente toda a conduta, de superarmos o mal e desenvolvermos o que há de bom em nós. A meditação diária, de uns 15 minutos antes de levantarmos, é muito produtiva nesse aspecto. A princípio, pode ser difícil identificar os aspectos negativos em sua vida, mas a decima tentativa pode trazer valiosas recompensas. Não se esqueça de que os santos são pecadores que continuam tentando.” (Nelson Mandela, em Conversas que tive comigo)
É
difícil imaginarmos está em uma cela de prisão como esse fabuloso líder, que
tivemos de chorar sua partida neste século de tão poucos inspiradores lideres,
digo verdadeiros líderes. Em tempos que perseguimos encontrar seres que possam
representar-nos de forma digna, correta, madura, representar-nos de forma integra,
diria que solavancos tem sido a cada dia nossa sina de meros espectadores de um
“poder” retrogrado e doente.
Quando
temos convicção de nossos ideais, conceitos, posicionamentos, jamais deixamos
de rebelarmos contra a descaracterização da palavra líder. Nossos líderes
precisam de uma momento reflexivo, precisam de um momento de meditação diária,
talvez não de 15 minutos, mas de 24hrs, semanais, nossos líderes não
representam mais nossos sentimentos, vivemos tempos de buscas de verdadeiros
homens de caráter e conceitos. A cada dia medito no que seja o ideal de mundo,
cidade, humanidade, talvez possa estar apenas com devaneios de darmos a esta
geração um sentido maior de suas existências, acredito que vivamos uma era de
perda total do equilíbrio ético e moral.
Dificilmente
iremos ter um Nelson Mandela nesta nova geração, ou um Abraham Lincoln, ou um
ser mais presente a nós brasileiros chamado Ayrton Senna da Silva, pois o preço
de um caráter se medi não por um cargo medíocre, ou pelo preço da tão chamada
“governabilidade”, somos reféns caros leitores de um sistema sínico cruel, pois
sabemos que jamais poderemos confiar em seres sem reflexões, seres sem momentos
de autoanálises, estamos a cada dia pairando em uma neblina de perfeita
desarmonia de amor, respeito, compaixão e principalmente de caráter do ser.
Pensar
em quem deve representar-me em um poder legislativo, executivo ou judiciário
tem que ser não uma mera escolha, mas uma autenticação do valor político,
humano e principalmente do valor de caráter desse ser chamado Ser Humano.
“Seja um padrão de qualidade. Algumas pessoas não estão acostumadas a um ambiente em que se espera excelência.” (Steve Jobs).