Ao receber em Brasília (DF) dois membros do clã Sarney, o senador Roberto Rocha (PSB) confirma a má fama de traidor que adquiriu ao ter rompido com o governador Flávio Dino (PCdoB). Rocha, que atualmente considera o governador como seu rival, só conseguiu chegar ao Senado em 2014 graças à chapa vitoriosa que elegeu Flávio Dino e pôs fim a quase 50 anos de domínio do grupo Sarney no Maranhão.
Roberto Rocha esteve reunido nesta terça-feira (23) com a deputada estadual Andréa Murad (PMDB) e com o chefe do seu gabinete, Fábio Gondim. O encontro é mais um sinal de que o parlamentar está tentando fazer o caminho de volta ao grupo Sarney para tentar articular apoio da oligarquia nas eleições de 2018, quando pretende disputar o governo do Estado contra Flávio Dino.
Em 2014, no entanto, o discurso de Roberto Rocha ao lado de Dino era outro. Na época, seu slogan era “senador da mudança”, e sua candidatura seguia uma linha clara de antagonismo ao poderio do clã Sarney. Atualmente ele usa as redes sociais para criticar arbitrariamente a gestão Dino, no afã de macular a boa aceitação popular do governador entre os maranhenses.
Rocha é filho do ex-governador Luiz Rocha, político que fez carreira atendendo ordens da família Sarney. Voltar ao grupo Sarney parece ser a única saída para o projeto político do senador para 2018. Ele era um fiel aliado do presidente Temer e planejava contar com o apoio da máquina federal nas próximas eleições. No entanto, seus planos foram interrompidos quando seu partido, o PSB, decidiu abandonar a gestão Temer e defender a imediata renúncia do presidente.
“Diga-me com quem andas que te direi quem és”
O parlamentar, que há pouco mais de dois anos fazia duras críticas aos interesses políticos da oligarquia Sarney, não mede consequências ao aparecer em reunião com integrantes do clã, ainda que essas novas alianças possam gerar maior desgaste da sua imagem pública.
Andréa Murad é filha do ex-secretário de Roseana Sarney, Ricardo Murad, apontado como chefe de uma organização criminosa que desviou R$ 1,2 bilhão da Saúde do Maranhão.
Já Fábio Gondim, assessor de Rocha e que também foi secretário de Planejamento no governo Roseana, saiu do Maranhão para assumir a Secretaria de Saúde do Distrito Federal. Mas ele passou apenas sete meses no cargo, sendo exonerado devido a grave crise instalada na saúde da capital federal durante sua administração. Ele chegou a ser alvo de ação do Ministério Público Federal que pedia sua prisão por supostamente ter descumprido acordos nos fornecimentos de medicamentos para pacientes com hemofilia.
Gondim também respondia a processo por improbidade administrativa durante o governo Roseana. Ele teria omitido informações a respeito de despesas e receitas do governo do Estado que não foram divulgadas no Portal Transparência.
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