O secretário de Estado de Indústria, Comércio e Energia, Simplício Araújo, não esconde mais de ninguém que está às voltas com o projeto político de disputar a sucessão do governador Flávio Dino. Na condição de presidente do Solidariedade no Maranhão, Simplício reorganiza internamente o partido, para os embates de 2022, e começa a alinhavar os principais pontos da plataforma de governo que pretende usar na pré-campanha.
“Minha pré-campanha está alicerçada no que eu acho que o Maranhão verdadeiramente precisa: empregos, crescimento econômico e justiça social”, afirma Simplício.
Nesta entrevista ao Jornal Pequeno (Manoel dos Santos Neto), ele analisa o cenário e avalia como deverá se desenrolar o jogo sucessório do ano que vem:
Jornal Pequeno – Secretário, já se pode efetivamente incluir seu nome na lista dos pré-candidatos à sucessão do governador Flávio Dino?
Simplício Araújo – Sim, minha pré-campanha está alicerçada no que eu acho que o Maranhão verdadeiramente precisa: empregos, crescimento econômico e justiça social. Eu acho que temos uma grande oportunidade de reverter a importação de produtos de outros estados, trazendo de volta os empregos que muitos irmãos nossos vão buscar em outros estados, como mesmo eu já fui. Também aposto muito na retomada do crescimento após a pandemia, pois vejo que os estados maiores terão mais dificuldades de se reerguer, tanto suas economias quanto as sociedades civis.
JP – Este deve ser o mote da plataforma de sua précampanha?
Simplício Araújo – Sim. E digo isto porque se o Maranhão tiver mais gestão e menos política, certamente teremos a possibilidade de ver potenciais naturais do nosso estado como portos, gesso, turismo, agronegócio e outros trazerem empregos e riquezas para os maranhenses.
Por fim, penso ser de suma importância continuar com esse importante legado que o governador Flávio Dino vai deixar que é o da garantia do olhar do estado para as classes mais carentes, oportunizando escola digna, estágios, empregos e um olhar humanizado e justo a mais de um milhão de maranhenses que viviam à margem do governo, invisíveis a ações do estado. Entendo que, mantidos esses direitos, agora precisamos também olhar para outros 1 milhão de pessoas desempregadas ou desocupadas que precisam de uma oportunidade para criar, educar e custear as suas vidas e de suas famílias com emprego ou renda oriunda de seus próprios esforços. Para isso precisamos agora de um governador empreendedor. É esse o debate que quero trazer à sucessão, é isso que estou me propondo a ser, com a ajuda de todos os segmentos da sociedade e não só dos políticos, um governador empreendedor.
JP – O senhor acha então que os poderes públicos sozinho não tem como gerar empregos e riqueza no Maranhão?
Simplício Araújo – Eu não acho, eu tenho certeza. Avalie o seguinte: houve uma completa mudança em tudo em nossas vidas com a crise econômica que vivemos desde 2015, agravada fortemente pela pandemia do coronavírus. Os poderes públicos terão que focar fortemente na saúde e na educação nos próximos anos, no mínimo. O poder do setor público hoje, ao contrário do que muitos que ainda andam atrás de político para pedir emprego pensam, não tem mais capacidade de empregabilidade, pois para que o prefeito de qualquer cidade, ou mesmo o governador, abra 100 vagas no setor público, tem que demitir 100 pessoas. Também observe a quantidade de políticos que temos hoje em nosso estado, todos somados com atuais e ex-políticos, não representam cinco por cento da população votante, além disso a matriz econômica do estado mudou e a cabeça de muitos políticos permanece a mesma, inclusive muitos da nova geração pensam até pior que os políticos da década de 70, 80.
JP – Pode-se dizer que a iniciativa privada está em ascensão no Estado?
Simplício Araújo – Sim. Em 1985, por exemplo, as cidades do Maranhão viviam em torno dos poderes públicos, com baixa participação dos setores privados na movimentação econômica e na geração de empregos. Hoje em mais da metade das cidades do Maranhão, a iniciativa privada é mais de sessenta por cento da movimentação econômica dos municípios. Ou seja, tenho certeza de que somente pela iniciativa privada vamos conseguir retirar o Maranhão do quadro de pobreza. A pobreza em nosso estado é reflexo da pobreza política de boa parte da classe política.
JP – Qual sua avaliação do cenário para a sucessão do governador Flávio Dino em 2022?
Simplício Araújo – É impossível avaliar o que vai acontecer a essa altura dos acontecimentos. A política tem um calendário próprio e a população ainda ignora completamente qualquer movimentação antes do período eleitoral. A população neste momento está preocupada é com empregos, comida, saúde. O próprio governador, que acredita na força da classe política, mas sabe que quem decide o jogo é o povo, está observando o cenário e avaliando a melhor hora para divulgar qual será seu candidato à sucessão. Uma escolha errada, sem a sinalização e simpatia do povo pode colocar toda a população contra o governo, mesmo com toda aprovação ao governador Flávio Dino.
Eu vejo que nunca tivemos um cenário como esse numa sucessão, o que na minha opinião é muito bom, oxigena a política e torna possível o surgimento de novas forças. Acho que o momento é de fazer diferente, pois o povo e o cenário estão diferentes. Quem teimar em aplicar as velhas fórmulas pode ter grandes surpresas.
JP – A partir de quando se poderá ter um quadro mais definido?
Simplício Araújo – Eu tenho certeza de que apenas em maio ou junho teremos uma visão melhor sobre quem pode realmente vir a ser o sucessor de Flávio Dino. Eu acho completamente sem valor os movimentos caríssimos para “pregar para convertido” ou a distribuição de emendas parlamentares e convênios para “amarrar” apoios e políticos. Se isso desse resultado, o governador do Maranhão em 2014 teria sido Edinho Lobão, pois ele tinha apoio de 204 dos 217 prefeitos, 16 dos 18 deputados federais, 36 dos 42 deputados estaduais, de todos os três senadores do Maranhão, de oitenta por cento dos veículos de comunicação e do Palácio dos Leões. Edinho também tinha 18 partidos enquanto tínhamos apenas 9.
A classe política é determinante para a eleição proporcional, mas quem determina a eleição majoritária é o povo. Em 2018 a classe política foi importante, como é sempre importante desde que esteja antenada com o povo, que em 2018 aprovou e reelegeu Flávio Dino no primeiro turno.
JP – O senhor acredita que o seu grupo reeditará as vitórias de 2014 e 2018 para o governo do MA? Ao menos com o conforto das anteriores?
Simplício Araújo – “Ninguém pode entrar duas vezes no mesmo rio…”, disse Heráclito de Éfeso. Da mesma forma que o rio se modifica, o ser humano e as situações são sempre fruto de constantes mudanças, ou seja, o grupo de 2014 foi o de 2014, o de 2018 foi o de 2018 e o 2022 será o de 2022. Entre nós temos os que pensam um projeto de desenvolvimento, crescimento e evolução de nosso estado. Estou entre esses, e estaremos juntos. Mas é visível a mudança de propósito e trajetória de alguns que já estiveram conosco comungando desse propósito e hoje não estão mais. Esse será o núcleo do debate de 2022: o combate entre quem quer lutar para ajudar o povo do Maranhão contra os que querem apenas continuar usando os recursos públicos para enriquecimento pessoal para si e para os que os rodeiam.
Temos um governador que ficará marcado pelas grandes batalhas que travou para ajudar o povo do Maranhão, luta por escolas de qualidade, para reverter a humilhação que nosso povo passava no Piauí buscando saúde, por salários dignos e pagos em dia, por segurança para as pessoas, para os funcionários públicos e para os empreendedores que já estão e os que querem vir empreender aqui no Maranhão.
JP – O senhor acredita que o povo vai saber fazer esta distinção?
Simplício Araújo – Não tenho dúvida que está visível quem luta por nosso povo e quem se esconde e apenas usufrui das benesses de cargos públicos. O povo sabe o grande trabalho que nossa equipe e o governador fizemos durante a pandemia, quando estávamos todos atrás de ajudar o povo do Maranhão e um bocado de políticos covardes estavam escondidos, recebendo gordos salários e sem fazer absolutamente nada para ajudar quem estava apavorado com o coronavírus.
A batalha de 2022 será a batalha para ajudar o Maranhão ou para fazer a alegria de poucos que pensam que os cofres públicos têm que servir para que o estado continue mantendo a pobreza de décadas, enquanto eles enriquecem em poucos anos somente à custa do povo e das negociatas com recursos públicos. É essa a minha luta e de muitos que servimos ao nosso estado através do governador Flávio Dino. É contra isso que iremos lutar em 2022, lutar para manter os avanços conseguidos mesmo em tempos obscuros da economia e pandemia e para não deixar o estado retroceder e cair nas mãos de quem busca fatiar os cofres públicos para a felicidade de poucos.
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